segunda-feira, 13 de outubro de 2008

' diferentes contactos entre unidades litológicas '

Em Estratigrafia a apreciação da estrutura de uma superfície de contacto entre duas camadas geológicas está relacionada com a deposição do material ao longo do tempo. As propriedades destas deposições diferenciam-se tendo em consideração alguns aspectos.


Os estratos podem dividir-se de acordo com a sua espessura:

- Lâminas: estratos com espessura <1cm>

- Camadas: estratos com espessura >1cm

. finas: 1cm-10cm

. médias: 10cm-30cm

. espessas: 30cm-1m

. muito espessas: >1m


Quando não ocorre deposição dos estratos durante algum tempo, originam-se limites de camadas , planos de estratificação. Na existência de erosão “nascem” descontinuidades.


As descontinuidades em geologia acontecem sempre, notando-se apenas uma variação na grandeza e a regularidade com que ocorrem. Estas podem surgir tanto no interior da Terra, como nas camadas à sua superfície.


As descontinuidades relativas ao interior da Terra são:


  • Descontinuidade de Conrad - designa o contacto brusco entre a crosta continental inferior e a superior (15 a 20km de profundidade), separando as rochas félsicas (ex: granito) da crosta superior das rochas máficas (ex: basalto) da crosta inferior, e onde se dá um aumento descontinuo das ondas sísmicas;

  • Descontinuidade de Moho - é o limite entre a crosta e o manto (entre 5 a 10km no fundo oceânico e entre 35 a 40km nos continentes, de profundidade) e as ondas sísmicas aumentam bruscamente devido à rigidez do manto ser maior;

  • Descontinuidade de Gutenberg - fronteira entre o manto inferior e o núcleo externo (cerca de 2883km de profundidade), onde se deixam de propagar as ondas S e as ondas P diminuem drásticamente, devido ao núcleo externo ser líquido;

  • Descontinuidade de Lehmann - separa o núcleo externo(líquido) do interno (sólido), aumentando novamente as ondas S e P.

Nas unidades exteriores da Terra encontramos as seguintes descontinuidades:



  • Descontinuidades Sedimentares - ocorre entre duas lâminas correspondentes a marés sucessivas num intervalo de tempo muito curto. Podem atingir vários metros e indicam-nos uma simples ausência de deposição (descontinuidade passiva) ou a destruição parcial ou total da lâmina anterior (descontinuidade erosiva).

  • Descontinuidades Estratigráficas - quando duas unidades são divididas por um intervalo de tempo. Podem alongar-se por vários quilómetros.

  • Descontinuidades Diastróficas - quando há ausência de determinada unidade geológica associa-se uma deformação tectónica (formando uma discordância angular).

Quando não se verificam estes casos de descontinuidade geológica, impera a continuidade estabelecida pelos princípios fundamentais da estratigrafia, referidos no artigo anterior.



Podemos assim diferenciar os contactos entre as unidades litológicas:




  • Ao contacto estratigráfico normal, chamamos concordante pois há sempre continuidade entre unidades sucessivas.

  • Identificamos uma paraconformidade quando não existe diferença de atitude entre as unidades sobrepostas mesmo que faltem diversos conjuntos líticos que é comum corresponderem a vários milhões de anos.



  • Quando um corpo ígneo atravessa as unidades já sobrepostas, o contacto é intrusivo.


  • Não-conformidade é o contacto entre um conjunto sedimentar e um corpo ígneo ou conjunto metamórfico mais antigo.



  • A superfície erosiva que põe em contacto rochas sedimentares com a mesma atitude, chamamos disconformidade ou ravinamento.



  • A discordância progressiva verifica-se quando os diversos níveis vão fazendo ângulos progressivamente diferentes com o substrato.





  • Quando as inclinações do conjunto superior e inferior são diferentes, fazendo um ângulo entre si, chamamos a este fenómeno: discordância angular.

discordância angular erosiva:


Bibliografica:

- Vera Torres, Juan Antonio (1994), Estratigrafia, Principios y Métodos. Madrid: Editorial Rueda.

- consulta dos blogs: http://estpal08.blogspot.com/ , http://fossilvivo.blogspot.com/2008/10/continuidade-estratigrfica.html ,

- Descontinuides sedimentares e contactos entre unidades litológicas: http://moodle.fct.unl.pt/mod/resource/view.php?id=93673

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Trabalho de Pesquisa

Na sequência da segunda aula prática de Estratigrafia e Paleontologia, e depois de alguma pesquisa sobre o ambiente de cultivo de Pectinídeos, retirei este excerto do site
http://www.cca.ufsc.br/~jff/PROJETOS/CNPQ%20PECTENS.pdf (pág.2, linha 10 e seguintes):

"O cultivo de pectinídeos (pectinicultura) envolve uma série de etapas, as quais, de maneira geral, incluem a fase inicial de produção de sementes em laboratório, uma etapa intermediária de cultivo berçario no mar que compreende distintas fases, e uma etapa final de engorda, que se extende até quando os organismos atingem tamanho comercial (Bourne et al. 1989)."

Podemos assim concluir que os Pectinídeos são moluscos de ambiente marinho.

Unidades Estratigráficas


Unidades objectivas
· Litostratigráficas (Grupo, formação, membro) - baseadas na litologia.
· Biostratigráficos (Biozonas) - baseados no conteúdo fossilífero.
· Cronostratigráficos (Eonotema, eratema, sistema, série, andar) - baseadas nas relações de idade (conjuntos de rochas formadas durante dado intervalo de tempo).

Unidades abstractas, temporais
· Geocronológicas (Eon, era, período, época, idade) - tempo correspondentes ás unidades cronostratigráficas.
· Biocronológicas - tempo correspondente às unidades biostratigráficas.

Outras unidades estratigráficas:
· Unidades litodémicas (conjunto("suite"), litodema, zonas) - baseadas na litologia e constituídas por campos líticos que não respeitam o princípio da sobreposição (rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares muito deformadas).
· Unidades magnetostratigráficas - baseados na polaridade magnética
· Unidades alostratigráficas - conjuntos líticos separados por descontinuidades (sistemas, subdivisão em intertemas, sequências)
· Unidades tectóno-sedimentares - conjuntos líticos depositados com controlo tectónico. (episódios orogénicos, ciclos epidogénicos, variações eustáticas do nível do mar)
· Unidades pedostratigráficas - paleossados ; unidades baseadas nas propriedades eléctricas, sísmicas, minerais pesados, etc. (zonas).

Recordamos que a classificação estratigráfica se prende prioritariamente com a sucessão de rochas terrestres; contudo, em muitos locais, o registo litológico está longe de completo ou de contínuo, é, com frequência, interrompido por inúmeros diastemas, descontinuidades, superfícies de erosão, que são, em si mesmos, parte integrante da estratigrafia representam intervalos perdidos, não registados da história da terra. Na maioria dos casos, estes intervalos têm valor local ou regional podendo ser preenchidos por dados obtidos noutros locais. Representam, de qualquer modos, fenómenos de não deposição, de erosão ou de acções tectónicas com as quais a estratigrafia se preocupa, e procura interpretar de modo a melhor reconstituir a história geológica de cada região, e em geral de toda a terra.


Bibliografia:
Escrito por Nelson Ricardo
Wednesday, 29 March 2006
http://nelson.awardspace.com/index.php?option=com_content&task=view&id=16&Itemid=63


(imgem: A observação de unidades estratigráficas com o mesmo conteúdo fossilífero permite a sua correlação - http://www.esec-odivelas.rcts.pt/BioGeo/ficha_31.jpg)

Princípios Fundamentais da Estratigrafia







1.Principio de Uniformitarismo (actualismo)
O presente é a chave do passado.

Problemática, dificuldades de aplicação numa terra em condução permanente: mudanças na composição da atmosfera e da água dos oceanos; deriva continental e expansão oceânica, variação na velocidade de rotação da Terra e suas implicações na dinâmica da circulação atmosférica e nas zonas climáticas; variação do campo magnético e intervenção de fenómenos cósmicos; evolução nas condições de vida de alguns mecanismos. Em suma, há leis que nunca mudam!


2.Princípio da sobreposição

Em condições normais, toda a camada sobreposta a outra é mais moderna do que ela.
Principais excepções: terraços, filões camadas, depósitos enchendo cavidades cárcicas, deformações metamórficas.
A - O nível 1 é mais antigo, porque é o primeiro a formar-se, seguindo-se por ordem 2 e 3.
B – Dobra deitadaNo flanco invertido, a ordem de antiguidade observável na superfície de erosão (e, e’) não é compatível com o principio da sobreposição.
C – O filão camada situa-se paralelamente às camadas, não intersectando as camadas.O filão camada é o mais moderno do que qualquer das camadas representadas.
D – Primeiro há uma deposição dos calcários os sedimentos depositados em grutas são mais modernos do que as camadas que lhe servem de tecto.

Necessidades de recorrer a critérios de polaridade:
· Organismos em posição devida
· Marcas de raízes
· Icnofósseis
· Granotriagem
· Figuras geopéticas
· Figuras sedimentares
· Análise microtectónica


3.Princípio da relação intrusão
O corpo rochoso intrusivo e a falha são mais modernas que as rochas atravessadas ou fracturadas.
A intrusão é sempre posterior às rochas que atravessa, assim como os filões (ou dique) que cortam as camadas.

4.Princípio da horizontalidade original
Os sedimentos são sempre depositados em camadas horizontais.
O fenómeno geológico que altera a horizontalidade é sempre posterior à sedimentação.


5.Princípio da continuidade lateral
Uma camada tem a mesma idade em todos os seus pontos, o que implica que os limites inferior e superior de uma camada representam superfícies isócronas. Importante por permitir correlacionar observações praticadas em locais diferentes, completa o princípio da sobreposição na medida em que possibilita a extensão lateral das observações na mesma bacia sedimentar. Dificuldades de aplicação, sobretudo em regiões de climas húmidos ou muito urbanizadas. Valido à escala local, às vezes regional.
Como reconhecer a mesma camada em diferentes locais? Muitas vezes foram tomadas por sincrónicos estratos semelhantes do ponto de vista litológico mas, na verdade, com idades diferentes. Caso clássico é o dos “Old Red Sandstones” devónicos e dos “New Red Sandstones” Pérmico; houve convergência de condições de formação com resultados sedimentológicos muito semelhantes. É, portanto necessário recorrer a outros critérios.

6.Principio da identidade paleontológica
Os estratos com o mesmo conteúdo fossilífero são da mesma idade.
Os fosseis estratigráficos ou “bons fósseis” ou fósseis característicos caracterizados por:
· Rápida evolução, ou seja, curta longevidade;
· Vasta repartição geográfica;
· Ocorrência frequente;
· Identificação simples.
Limitações e problemas inerentes à distribuição dos seres vivos. Factores condicionantes: temperatura, profundidade, salinidade, correntes, tipos de fundo, factores geográficos. Distribuições antiequatoriais (distribuição descontinua de organismos marinhos próprios de águas frias de um e de outro lado da zona equatorial por impossibilidade de atravessar águas quentes) e antitropicais (distribuição descontinua devido a causas paleogeográficas – “tubarão serra” presente apenas nos extremos da antiga área de dispersão que abrangia toda a Mesogeia).


Bibliografia:
Escrito por Nelson Ricardo
Wednesday, 29 March 2006
http://nelson.awardspace.com/index.php?option=com_content&task=view&id=17&Itemid=63