quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Estratótipos


As normas da nomenclatura estratigráfica estabelecem, como um princípio básico, que a definição de uma unidade ou de um limite estratigráfico é feita da forma mais objectiva possível, eliminando os critérios pessoais implícitos que cada autor pode efectuar. Estabelecem-se assim critérios de referência, e o mais comum é o estratótipo (ou secção tipo), de modo a que uma unidade seja definida pelas características que podem ser vistas a partir de um corte e não às da descrição feita pelo autor. Para algumas unidades, como a extensão biostratigráfica, baseada em fósseis característicos, utilizamos outros padrões diferentes dos estratótipos, sendo assim necessário fornecer uma informação gráfica detalhada dos organismos, tendo como base a classificação e deposição do material fossilífero em laboratório para que possa ser consultado por quem precisar.
É chamado estratótipo (ou secção tipo) ao modelo original ou posteriormente nomeado, de uma unidade estratigráfica ou limite estratigráfico, que é identificada como um intervalo de tempo ou ponto específico, na sua secção estratigráfica e que é o modelo ou padrão específico para definir e reconhecer a unidade ou limite estratigráfico.
O estratótipo unidade inclui o afloramento integral da unidade no corte, das paredes ao tecto, possibilitando a observação contínua ou com o mínimo de sectores abrangidos (ver figura acima).

O estratotipo unidade é utilizado para definir unidades litostratigráficas e o nome da localidade é o que se junta para a formacão definida.
O estratotipo limite compreende o ponto exacto da secção estratigráfica em que se situa o limite, mas também contém os níveis superficiais e inferiores da unidade terminal (ver figura acima).
Os estratótipos limite são usados principalmente para unidades cronostratigráficas.
O estratótipos podem ser simples (um único corte ou secção estratigráfica) ou compostos. Os estratótipos compostos são formadas pela combinação de vários intervalos de secções estratigráficas, que definem as unidades estratigráficas de classificação inferior à unidade definida no estratótipo composto.

A localidade tipo de uma unidade estratigráfica (ou limite estratigráfico) é o local geográfico em que encontramos o seu estratótipo, e muitas vezes leva o seu nome. Por outro lado, é chamada área tipo, ao território geográfico em torno da localidade tipo.

O Guia Estratigráfico Internacional (GEI, 1980) estabelece cinco tipos de estratótipos, que são nomeados com o prefixo holo-, para-, lecto-, neo- e hipo; que são atribuidos em função de si ou não, e se estão localizados na área tipo ou não.

O holostratótipo é o estratótipo que foi originalmente designado na primeira definição de uma unidade ou limite estratigráfico.

O parastratótipo é um estratótipo utilizado para complementar a definição original de um holostratótipo. Muitas vezes, quando se define uma unidade, para além do holostratótipo, definem-se um ou mais parastratótipos, que são habitualmente localizados dentro da área tipo, que complementam a informação.

Um lectostratótipo é um estratótipo designado posteriormente para definir uma unidade ou limite estratigráfico, na ausência de um estratótipo original. O lectostratótipo está sempre situado na mesma região tipo é um "ex-paraestratótipo" que apresenta melhor as suas marcas do que os antigos holostratótipo, que irá substituir.

O neostratótipo é um estratótipo novo, escolhido para substituir um antigo que tenha sido destruído ou que tenha “perdido validade”. O neostratótipo está localizado numa região diferente do holoestratótipo que irá substituir, o que implica necessariamente a mudança de nome da unidade.

Por fim temos o hipostratótipo (também chamado corte de referência). É um estratótipo designado para expandir para outras áreas geográficas ou a outras fácies, o conhecimento de uma unidade ou limite estratigráfico, previamente estabelecido por meio de um determinado estratótipo. É sempre secundário a um holostratótipo e localiza-se numa região de distinta da área tipo. A maioria dos exemplos típicos de hipostratótipos são propostos para os locais onde o holoestratótipo está em outro continente; o hipostratótipo é o corte seleccionado por ser o mais semelhante ao holostratótipo e por estar localizado em outro continente.

Em última análise, os tipos principais, os holostratótipos e os parastratótipos, são sempre designados inicialmente quandos se define uma unidade, enquanto os lectostratótipos e os neostratótipos são designadas posteriormente quando queremos corrigir uma definição original que não está correcta ou que tenha "perdido validade" (por exemplo, o desaparecimento de um holostratótipo). Por sua vez, os hipostratótipos são os únicos tipos que são secundários (de referência ou auxiliares) e, além disso, só são designados mais tarde.


Bibliografia:
  • Livro de consulta: VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios y métodos. Ed. Rueda, Madrid
    Tradução e interpretação por Tabithá A. P. Caetano