terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Métodos estratigráficos



Os métodos estratigráficos, têm grande importância nos estudos da evolução da Terra e podem também ser usados para conhecer e descrever material rochoso de determinada região.

Uma vez aplicados ao estudo das rochas, estes métodos estabelecem a correlações entre unidades estratigráficas, grande vantagem a nível estratigráfico.

Os métodos da estratigráfia podem diversificar-se em químicos, físicos e paleontológicos.

Com base em alguma pesquisa efectuada, farei então uma breve exposição sobre alguns deste métodos:

Métodos físicos:

Depósitos de varvas

Varvas são depósitos sedimentares finos, rítmicos. A sua cor varia entre tons mais claros e mais escuros de acordo com o seu teor de matéria orgânica. A sua ciclicidade indica os períodos sazonais, nois quais as zonas mais claras são as temporadas mais quentes e as mais escuros as temporadas mais frias.

Dendrocronologia

Dendrocronologia é o método quue diz respeito ao crescimento de árvores. Anualmente formam-se anéis de crescimento das árvores. A sua espessura poderá variar, sendo maior em em condições favoráveis; e com os anéis menos espessos, em "piores" condições.

Liquenometria

Método utilizado principalmente em estudo de avanços glaciares. A liquenometria avalia o diâmetro de liquens de grande longevidade.

Tefrocronologia

Método que implica a individualização das camadas de tefra, material piroclástico projectado em erupções vulcânicas que forma uma camada utilizadas como guias em estudos estratigráficos.

Radiocronologia


Chamado de "datação absoluta", é feito pelo de estudo de elementos isótopos, no processo de decaimento radiactivo.

Magnetostratigrafia


Faz o estudo das características magnéticas de rochas de diferentes idades. Sabendo-se que há inversões na polaridade do campo magnético terrestre, ciclicamente.

Resistividade


A resistividade eléctrica dos materiais é uma medida correspondente à reacção que estes têm ao fluxo de corrente eléctrica. As rochas possuem uma alta resistividade. Mas, nem todas correspondem da mesma maneira, podendo tornar-se uma característica que pode diferenciar camadas sem estarem afloradas.

Estratigrafia Sísmica

A estratigrafia sísmica consiste na emissão, recepção e registo de ondas que atravessam o material. Este corresponde de maneira diferente conforme a sua estrutura e constituição. Assim, é possível identificar estruturas constituintes do subsolo.

Termoluminiscência

É a propriedade que os minerais têm ao emitir luz quando expostos a baixa temperatura. Através da comparação da intensidade da radiação nuclear com a da termoluminiscência, pode determinar-se a idade do último aquecimento que o mineral sofreu. Este método é útil para a vulcanologia e arqueologia essencialmente.



Métodos químicos:

Teor de flúor nos ossos

Raceminação de aminoácidos

Estes métodos são utilizados através do estudo dos elementos constituintes de organismos, particularmente fósseis, que nos ajudam a estabelecer datações por medições radiométricas.

O conjunto destes métodos dá-nos a possibilidade de estabelecer correlações, fazer correspondência, temporal ou contemporaneidade, entre unidades litológicas mais ou menos afastadas geologicamente.
A auto-correlação trata-se do acompanhamento da continuidade de uma camada ou de uma sequência sedimentar.

Tendo em atenção à possível insuficiência quanto à semelhança de fácies para o estabelecimento de correlação sincronas, as unidades dizem-se sincrónicas quando:

- há continuidade e passagem lateral entre elas;

- as unidades mesmo de fácies diferentes estão enquadradas por outras equivalentes;

- possuem fósseis característicos da mesma idade;

- são da mesma idade segundo determinações radiométricas.



Bibliografia:

VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid

http://geopor.pt/gne/geocabula/faqs/tilito.html

http://www.oceanografia.ufba.br/ftp/Geologia_Marinha/AULA_6%20_Metodos_Datacao.pdf

http://estpal08.blogspot.com/

sábado, 6 de dezembro de 2008

Correlação estratigráfica


A correlação estratigráfica é uma das técnicas de maior interesse em Estratigrafia e consiste na comparação de duas ou mais secções estratigráficas, de um intervalo de tempo semelhante, estabelecendo a equivalência entre os níveis ou superfícies de estratificação reconhecíveis em cada uma delas.

Tipos de correlação:

Litocorrelação
- dá-nos a correspondência pelo carácter litológico e pela posição litoestragráfica de duas rochas. Neste tipo de correlação, comparam-se as unidades litoestratigráficas presentes em cada uma das secções estratigráficas e os níveis específicos de litologias dentro das mesmas.

Biocorrelação
- estabelece a correspondência entre duas rochas com fósseis, com base na presença de determinados fósseis e a sua posição bioestratigráfica. A biocorrelação rege-se pelos biohorizontes da primeira aparição à última presença de fósseis caracteristicos, em diferentes secções estratigráficas.

Cronocorrelação
- correlaciona superfícies isócronas e o reconhecimento da sua posição cronoestratigráfica. Consiste na comparação temporal de duas ou mais secções estratigráficas, para o qual se selecciona os recursos estratigráficos que indiquem simultaneidade e facilitem o estabelecimento da correspondência de todas as unidades estratigráficas representadas.

Métodos de correlação:

Métodos de autocorrelação:
baseiam-se na continuidade das superficies de estratificação, no campo e em perfis sismicos.

Métodos litológicos:
possuem vários vários subtipos que se aplicam directamente no campo ou baseando-se em estudos laboratoriais das componentes das rochas.

Métodos baseados em propriedades físicas:
envolvem a magnetoestratigrafia e as diagrafias.

Métodos radiométricos
:
baseiam-se na comparação das datações radiométricas de materiais de diferentes secções estratigráficas.

Métodos litoestratigráficos:
consistem no reconhecimento das áreas especificas de estratificação, de acordo com um fenómeno comum;

Métodos biocronoestratigráficos:
utilizado apenas na presença de fósseis característicos. Sendo um dos métodos mais fiáveis, a sua utilização coordenada com os outros métodos descritos permite alcançar o máximo de precisão nas correlações.




Bibliografia:

VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Fósseis e Fossilização


Fósseis (do latim fossilis) são os restos materiais de antigos organismos ou as manifestações da sua actividade, que ficaram relativamente bem conservados, como moldes, nas rochas ou em outros fósseis.


Diferentes processos de fossilização:

  • Moldagem - as partes duras dos organismos desaparecem deixando nas rochas as suas impressões.
  • Mineralização - os materiais originais que constituem o ser vivo são substituídos por outros mais estáveis.
  • Conservação - o material original do ser vivo conserva-se parcial ou totalmente nas rochas ou em outros materiais.


A fossilização pode ser dificultado por desarticulação nos esqueletos, fragmentação por transporte ou erosão, abrasão, bioperfuração, dissolução ou achatamento. E pode ser favocerida em determinadas áreas como plataformas carbonatadas, zonas de condensação, pântanos, taludes, etc.

Tipos de fósseis:

Somatofóssil: Fóssil de restos somáticos (isto é, do corpo) de organismos do passado.
Por exemplo, fósseis de dentes, de carapaças, de folhas, de conchas, de troncos, etc.

Icnofóssil: Fóssil de vestígios de actividade biológica de organismos do passado.
Por exemplo, fósseis de pegadas, de marcas de mordidas, de ovos (da casca dos ovos), de excrementos (os coprólitos), de túneis e de galerias de habitação, etc.

Para determinar a idade da maioria das rochas sedimentares, o estudo científico dos fósseis contidos nelas é fundamental. Os fósseis dão-nos importantes evidências que ajudam a determinar o que aconteceu ao longo da história da Terra e quando aconteceu.

Tafonomia

Corresponde ao estudo dos processos de transmissão da informação biológica da Biosfera do passado para a Litosfera do presente (do Gr. taphós, enterramento, sepultura e nómos, lei).

A Tafonomia é a disciplina paleontológica que estuda a formação dos fósseis (a fossilização, isto é, dos processos de inclusão dos restos biológicos no âmbito geológico) e da formação das jazidas fossilíferas.

O termo "Tafonomia" foi inventado pelo paleontólogo soviético (russo) Iván Antónovitch Efrémov em 1940.

Trilobite fóssil denotando-se uma elevada perfeição



Bibliografia:

- VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid
- http://fossil.uc.pt/pags/fossil.dwt
- http://fossil.uc.pt/pags/formac.dwt
- http://domingos.home.sapo.pt/reg_fossil_1.html
- http://webpages.fc.ul.pt/~cmsilva/Paleotemas/Tafonomia/Tafonom.htm

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ciclos Eustáticos

Ciclos Eustáticos


As alterações globais do nível do mar têm como consequência uma alternância de episódios de subida generalizada do mesmo, seguidos de outros espisódios de descida.


Chamamos ciclo eustático ao intervalo de tempo onde ocorreu uma subida e uma descida do nível do mar.


O reconhecimento dos ciclos eustáticos implica o poder de diferenciar os ciclos devido a factores locais e regionais (principalmente de origem tectónica) dos globais.


Causas dos movimentos eustáticos


Os movimentos eustáticos resultam de qualquer factor que faça variar de forma significativa o volume de água presente no oceano, a um nível global - como por exemplo mudanças climáticas sobre áreas extensas -, ou que provoque uma variação significativa do volume das bacias oceânicas, com a consequente modificação do nível da água em relação à terra firme.


Determinação dos níveis do mar


São utilizadas as marcas deixadas pelo nível do mar em depósitos geológicos presentes em arribas costeiras geologicamente estáveis para determinar os movimentos eustáticos passados, dando maior revelaâcia aos resultantes das sucessivas glaciações – processos aplicados pelos geólogos e paleoclimatologistas.


Figura ilustrativa dos factores que controlam os níveis marinhos e continentais responsáveis pelas mudanças do nível relativo do mar durante o Quaternário, segundo MÖRNER (1980):





Variação do nível médio do mar (i.e. ondulação do Geóide) em função do campo gravítico da Terra (imagem da GRACE - Gravity Recovery And Climate Experiment – da NASA):






BiBliografia:

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

'Princípios da Estratigrafia' - miniteste

Hello.

Encontrei este mini-teste


sobre os 'Princípios da Estratigrafia', é interessante e não perdem nada, é só um teste aos conhecimentos... depois podem comentar o que acharam ou como correu!!

:)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Fácies e Lei de Walther

Fácies


O conceito de fácies em Estratigrafia e em Sedimentalogia foi concebido para caracterizar um tipo/grupo de rochas, ou unidades estratigráficas, pelas suas propriedades, características litológicas e paleontológicas; permitindo assim diferenciação entre o material rochoso.


Uma vez que são vários os aspectos monográficos que podem ser vistos na rocha (ou conjunto de rochas), podemos também falar de diversos tipos de fácies.
São usados diferentes termos de acordo com o de tipo de propriedades que que o material apresenta (litofácies, biofácies) e da escala de observação (microfácies). Actualmente, o uso do termo fácies estende-se também para os conjuntos de rochas que se distinguem através das suas propriedades representadas por diagrafías (electrofácies) ou perfis sísmicos (fácies sísmica).
Exemplos de alguns tipos de fácies:


  • Litofácies - conjunto de propiedades litológicas que definem um copo rochoso.

  • Microfácies - conjunto de caraterísticas observáveis ao microscópio, que caracterizam a rocha.

  • Electrofácies - conjunto de respostas obtidas e observáveis através de diagrafías, que caracterizam um sedimento e que permitem diferenciá-lo de outros.

  • Fácies sísmicas - conjunto de propiedades observáveis num perfil sísmico que permite diferenciar volumes rochosos (unidades litosísmicas).


Estas fácies podem ser agrupar (Classificação de Weller-1960):



  • Tipo I - Fácies petrográficas – definem-se com base no seu aspecto ou nas suas características petrográficas.

  • Tipo II - Fácies estratigráficas – definem-se com base na sua litologia.

  • Tipo III - Fácies ambientais - definidas com base no ambiente de génese dos corpos líticos.


Lei de correlação de fácies de Walther


O princípio de que as fácies que ocorrem em sucessões verticais concordantes também se formam em ambientes lateralmente adjacentes é-nos explicado pela Lei de correlação de fácies de Walther, ou seja, ocorrem em ambientes de deposição lateralmente contíguos.
Esta Lei só se pode aplicar a secções contínuas, sem qualquer descontinuidades.

Exemplo: (imagem original em - http://www.unb.br/ig/glossario/verbete/lei_de_Walther.htm)


Referências Bibliográficas:

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

' CICLICIDADE - ciclos e ritmos '

Quando numa secção estratigráfica, ou mais concretamente, numa parte desta, as características litológicas se repetem ordenadamente, diz-se que apresenta uma ciclicidade estratigráfica.


Muitas vezes chama-se, genericamente, ciclicidade à repetição sistemática e ordenada de diferentes termos litológias numa secção estratigráfica.


No entanto, a ciclicidade tende a excluir o seu tipo mais básico, que é aquele em que alterna em apenas dois termos litológicos, na escala dos estratos ou das lâminas. A este tipo de ciclicidade é chamada ritmicidade.


Tanto na ciclicidade como na ritmicidade, os processos que se repetem, podem fazer-se regularmente (por intervalos de tempo constantes) ou aleatoriamente. No primeiro caso, o intervalo de tempo é chamado de período.


* Descrição da figura: representa uma descrição dos conceitos básicos de ciclicidade e ritmicidade.
a) secção estratigrafica cíclica. O módulo que se repete é constituido por três litologias diferentes.

b) exemplos de ritmicidade, em que o módulo que se repete tem dois tipos de litologia.

c) ciclo simétrico.

d) ciclo assimétrico. *


A ciclicidade pode catalogar-se de acordo com a espessura das camadas e com o tempo.


Relativamente à sua espessura:

  • Ciclicidade de 1ºgrau - Tem a ver com lâminas. Alternância entre 2 litologias (ritmos) Ex: Varvas.

  • Ciclicidade de 2ºgrau - Efectua-se ao nível dos estratos. Alternância entre 3 camadas (ciclos).
  • Ciclicidade de 3ºgrau - Efectua-se ao nível dos afloramentos.

  • Ciclicidade de 4ºgrau - Resulta da correlação entre vários afloramentos. Não é observável.

* Descrição da figura: ciclicidades observáveis no campo. *


Relativamente ao tempo:


  • Ciclicidade de 1ª ordem - mais de 50Ma

  • Ciclicidade de 2ª ordem - 50-3Ma

  • Ciclicidade de 3ª ordem - 3-0,5Ma

  • Ciclicidade de 4ª ordem - 500ma-100ma

  • Ciclicidade de 5ª ordem - 100-20ma

  • Ciclicidade de 6ª ordem - correspondem à ciclicidade de 1º grau, pois possuem ligação com a ciclicidade climática

* Descrição da figura: classificação da ciclicidade e ritmicidade segundo uma ordem e escalas, com indicação do intervalo de tempo *



Bibliografia:

  • Apontamentos das aulas teóricas de Estratigrafia e Paleontologia.


  • imagens: VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Biozona, Unidade Bioestratigráfica.


Voltemos um pouco atrás e façamos um breve estudo sobre a unidade bioestratigráfica, biozona!

Chamamos biozona a um corpo rochoso (por exemplo, um conjunto de estratos geológicos) que é definido estratigráfica e geograficamente a partir do seu teor fossilífero.

Podemos encontrar vários tipos de biozonas:


  • de extensão,

  • de associação,

  • de intervalo - conjunto de estratos situados no intervalo entre dois biohorizontes (nível de aparição ou de extinção de um táxon),

  • de abundância,

  • de linhagem,

todos eles definidos com base em fósseis.



De uma forma mais pormenorizada, cada biozona, é caracterizada a partir da particularidade do registo fóssil correspondente (por exemplo, biozonas de amonites, de trilobites, de corais, de gastrópodes, etc.), dos objectivos da investigação e da experiência e perspectiva de pesquisa dos estratígrafos intervenientes na sua caracterização.

Podemos definir uma biozona pelos seguintes métodos:


  • a partir da ocorrência dos fósseis de um táxone específico (biozona de extensão),

  • pelo intervalo entre o aparecimento de um dado táxone e o desaparecimento de outro (biozona de intervalo)

  • ou pela ocorrência de uma determinada associação fossilífera (biozona de associação),
    entre outros.

É com base no táxone (geralmente de categoria género ou espécie), que melhor caracteriza ou define essa mesma biozona, dá-se o nome de cada biozona.



Biozona de Extensão. Os limites inferior, superior e laterais da Biozona de Extensão Aa são caracterizados pela proporção do aparecimento dos fósseis do táxone Aa.

Alguns exemplos:

- Biozona de Extensão Dactylioceras costatum (biozona do Jurássico Inferior que considera a expressão estratigráfica dos fósseis das amonites da espécie Dactylioceras costatum);

- Biozona de Intervalo Globigerinoides sicanus-Orbulina suturalis
(biozona do Neogénico definida pela ocorrência dos fósseis do foraminífero G. sicanus e o desaparecimento dos de O. suturalis),

- Biozona de Associação Prionopeltis archiaci
(biozona de trilobites do Silúrico em que o aparecimento de fósseis de P. archiaci é um elemento fundamental, mas não o único relevante).

Holostratótipo e Parastatótipo

FIGURA 1 - Exemplo dos estratótipos, em coluna, em determinada região do Chile

A. Coluna do estratótipo Holostratótipo (região de La Estrella)
B. Coluna do estratótipo Parastratótipo(região de Navidad).



LEGENDA:
TG - Tamanho de grão:
Ac - argila,
Lm - Limo,
AMF - areia muito fina,
Af - areia fina,
Am - areia média,
Ag - areia ,
Amg - areia muito grossa,
GLF - cascalho fino,
Gl - cascalho,
Gr - cascalho,
Rp - cascalho,
Rpb - escombros de penhascos,
LT – Litologia:
1. conglomerado,
2. coquina,
3. arenito,
4. lutita e limonite,
5. granito,
6. parcela coberta,
7. conglomerado basal da unidade.
CT - Tipo de contacto entre as unidades:
8. discordância,
9. disconformidade,
10. paraconformidade.
ES - Estruturas sedimentares:
11. estrutura sólida/maciça,
12. laminação paralela,
13. ondulação assimétrica,
14. estratificação cruzada planar,
15. estratificação cruzada em artesanato,
16. estratificação cruzada 'hummocky ',
17. rolamento torcido,
18. dobras ('quebras'),
19. camadas deslizante ( "slides"),
20. camadas brechificadas,
21. estruturas de escape de fluido,
22. intraclastos,
23. superfície firme ( 'terra firme'),
24. discrepância de clastos,
25. clastos entrelaçados,
26. clastos líticos flutuante.
F - Fósseis:
27. bivalves,
28. gastrópodes,
29. foraminíferos,
30. ostrácodos,
31. briozoans,
32. balanoideos,
33. braquiópodes,
34. corais solitários,
35. dentes de tubarão,
36. crustáceos,
37. troncos e fragmentos vegetais indeterminados,
38. moldes de folhas.
TF – Icnofácies/vestígios fósseis:
39. Skolithos,
40. Thalassinoides,
41. Ophiomorpha,
42. vestígios,
43. Bioturbação indiferenciada,
44. perfurações ( 'borings').

FIGURA 2 - Fotos de estratótipos da formação de Navidad, no Chile.
a. Estratótipo Holostratótipo, em Punta Perro (Chile) mostrando uma sucessão de arenitos e limonites. A fotografia é de aproximadamente 30 m da base da coluna (ver figura 1). O conglomerado da base não está visível na imagem e está localizado numa zona da praia, a oeste do precipício;
b. Estratótipo Parastratótipo, localizado ao norte de Navidad, Chile. A foto corresponde à totalidade da coluna (ver figura 1).


quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Estratótipos


As normas da nomenclatura estratigráfica estabelecem, como um princípio básico, que a definição de uma unidade ou de um limite estratigráfico é feita da forma mais objectiva possível, eliminando os critérios pessoais implícitos que cada autor pode efectuar. Estabelecem-se assim critérios de referência, e o mais comum é o estratótipo (ou secção tipo), de modo a que uma unidade seja definida pelas características que podem ser vistas a partir de um corte e não às da descrição feita pelo autor. Para algumas unidades, como a extensão biostratigráfica, baseada em fósseis característicos, utilizamos outros padrões diferentes dos estratótipos, sendo assim necessário fornecer uma informação gráfica detalhada dos organismos, tendo como base a classificação e deposição do material fossilífero em laboratório para que possa ser consultado por quem precisar.
É chamado estratótipo (ou secção tipo) ao modelo original ou posteriormente nomeado, de uma unidade estratigráfica ou limite estratigráfico, que é identificada como um intervalo de tempo ou ponto específico, na sua secção estratigráfica e que é o modelo ou padrão específico para definir e reconhecer a unidade ou limite estratigráfico.
O estratótipo unidade inclui o afloramento integral da unidade no corte, das paredes ao tecto, possibilitando a observação contínua ou com o mínimo de sectores abrangidos (ver figura acima).

O estratotipo unidade é utilizado para definir unidades litostratigráficas e o nome da localidade é o que se junta para a formacão definida.
O estratotipo limite compreende o ponto exacto da secção estratigráfica em que se situa o limite, mas também contém os níveis superficiais e inferiores da unidade terminal (ver figura acima).
Os estratótipos limite são usados principalmente para unidades cronostratigráficas.
O estratótipos podem ser simples (um único corte ou secção estratigráfica) ou compostos. Os estratótipos compostos são formadas pela combinação de vários intervalos de secções estratigráficas, que definem as unidades estratigráficas de classificação inferior à unidade definida no estratótipo composto.

A localidade tipo de uma unidade estratigráfica (ou limite estratigráfico) é o local geográfico em que encontramos o seu estratótipo, e muitas vezes leva o seu nome. Por outro lado, é chamada área tipo, ao território geográfico em torno da localidade tipo.

O Guia Estratigráfico Internacional (GEI, 1980) estabelece cinco tipos de estratótipos, que são nomeados com o prefixo holo-, para-, lecto-, neo- e hipo; que são atribuidos em função de si ou não, e se estão localizados na área tipo ou não.

O holostratótipo é o estratótipo que foi originalmente designado na primeira definição de uma unidade ou limite estratigráfico.

O parastratótipo é um estratótipo utilizado para complementar a definição original de um holostratótipo. Muitas vezes, quando se define uma unidade, para além do holostratótipo, definem-se um ou mais parastratótipos, que são habitualmente localizados dentro da área tipo, que complementam a informação.

Um lectostratótipo é um estratótipo designado posteriormente para definir uma unidade ou limite estratigráfico, na ausência de um estratótipo original. O lectostratótipo está sempre situado na mesma região tipo é um "ex-paraestratótipo" que apresenta melhor as suas marcas do que os antigos holostratótipo, que irá substituir.

O neostratótipo é um estratótipo novo, escolhido para substituir um antigo que tenha sido destruído ou que tenha “perdido validade”. O neostratótipo está localizado numa região diferente do holoestratótipo que irá substituir, o que implica necessariamente a mudança de nome da unidade.

Por fim temos o hipostratótipo (também chamado corte de referência). É um estratótipo designado para expandir para outras áreas geográficas ou a outras fácies, o conhecimento de uma unidade ou limite estratigráfico, previamente estabelecido por meio de um determinado estratótipo. É sempre secundário a um holostratótipo e localiza-se numa região de distinta da área tipo. A maioria dos exemplos típicos de hipostratótipos são propostos para os locais onde o holoestratótipo está em outro continente; o hipostratótipo é o corte seleccionado por ser o mais semelhante ao holostratótipo e por estar localizado em outro continente.

Em última análise, os tipos principais, os holostratótipos e os parastratótipos, são sempre designados inicialmente quandos se define uma unidade, enquanto os lectostratótipos e os neostratótipos são designadas posteriormente quando queremos corrigir uma definição original que não está correcta ou que tenha "perdido validade" (por exemplo, o desaparecimento de um holostratótipo). Por sua vez, os hipostratótipos são os únicos tipos que são secundários (de referência ou auxiliares) e, além disso, só são designados mais tarde.


Bibliografia:
  • Livro de consulta: VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios y métodos. Ed. Rueda, Madrid
    Tradução e interpretação por Tabithá A. P. Caetano

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

' diferentes contactos entre unidades litológicas '

Em Estratigrafia a apreciação da estrutura de uma superfície de contacto entre duas camadas geológicas está relacionada com a deposição do material ao longo do tempo. As propriedades destas deposições diferenciam-se tendo em consideração alguns aspectos.


Os estratos podem dividir-se de acordo com a sua espessura:

- Lâminas: estratos com espessura <1cm>

- Camadas: estratos com espessura >1cm

. finas: 1cm-10cm

. médias: 10cm-30cm

. espessas: 30cm-1m

. muito espessas: >1m


Quando não ocorre deposição dos estratos durante algum tempo, originam-se limites de camadas , planos de estratificação. Na existência de erosão “nascem” descontinuidades.


As descontinuidades em geologia acontecem sempre, notando-se apenas uma variação na grandeza e a regularidade com que ocorrem. Estas podem surgir tanto no interior da Terra, como nas camadas à sua superfície.


As descontinuidades relativas ao interior da Terra são:


  • Descontinuidade de Conrad - designa o contacto brusco entre a crosta continental inferior e a superior (15 a 20km de profundidade), separando as rochas félsicas (ex: granito) da crosta superior das rochas máficas (ex: basalto) da crosta inferior, e onde se dá um aumento descontinuo das ondas sísmicas;

  • Descontinuidade de Moho - é o limite entre a crosta e o manto (entre 5 a 10km no fundo oceânico e entre 35 a 40km nos continentes, de profundidade) e as ondas sísmicas aumentam bruscamente devido à rigidez do manto ser maior;

  • Descontinuidade de Gutenberg - fronteira entre o manto inferior e o núcleo externo (cerca de 2883km de profundidade), onde se deixam de propagar as ondas S e as ondas P diminuem drásticamente, devido ao núcleo externo ser líquido;

  • Descontinuidade de Lehmann - separa o núcleo externo(líquido) do interno (sólido), aumentando novamente as ondas S e P.

Nas unidades exteriores da Terra encontramos as seguintes descontinuidades:



  • Descontinuidades Sedimentares - ocorre entre duas lâminas correspondentes a marés sucessivas num intervalo de tempo muito curto. Podem atingir vários metros e indicam-nos uma simples ausência de deposição (descontinuidade passiva) ou a destruição parcial ou total da lâmina anterior (descontinuidade erosiva).

  • Descontinuidades Estratigráficas - quando duas unidades são divididas por um intervalo de tempo. Podem alongar-se por vários quilómetros.

  • Descontinuidades Diastróficas - quando há ausência de determinada unidade geológica associa-se uma deformação tectónica (formando uma discordância angular).

Quando não se verificam estes casos de descontinuidade geológica, impera a continuidade estabelecida pelos princípios fundamentais da estratigrafia, referidos no artigo anterior.



Podemos assim diferenciar os contactos entre as unidades litológicas:




  • Ao contacto estratigráfico normal, chamamos concordante pois há sempre continuidade entre unidades sucessivas.

  • Identificamos uma paraconformidade quando não existe diferença de atitude entre as unidades sobrepostas mesmo que faltem diversos conjuntos líticos que é comum corresponderem a vários milhões de anos.



  • Quando um corpo ígneo atravessa as unidades já sobrepostas, o contacto é intrusivo.


  • Não-conformidade é o contacto entre um conjunto sedimentar e um corpo ígneo ou conjunto metamórfico mais antigo.



  • A superfície erosiva que põe em contacto rochas sedimentares com a mesma atitude, chamamos disconformidade ou ravinamento.



  • A discordância progressiva verifica-se quando os diversos níveis vão fazendo ângulos progressivamente diferentes com o substrato.





  • Quando as inclinações do conjunto superior e inferior são diferentes, fazendo um ângulo entre si, chamamos a este fenómeno: discordância angular.

discordância angular erosiva:


Bibliografica:

- Vera Torres, Juan Antonio (1994), Estratigrafia, Principios y Métodos. Madrid: Editorial Rueda.

- consulta dos blogs: http://estpal08.blogspot.com/ , http://fossilvivo.blogspot.com/2008/10/continuidade-estratigrfica.html ,

- Descontinuides sedimentares e contactos entre unidades litológicas: http://moodle.fct.unl.pt/mod/resource/view.php?id=93673

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Trabalho de Pesquisa

Na sequência da segunda aula prática de Estratigrafia e Paleontologia, e depois de alguma pesquisa sobre o ambiente de cultivo de Pectinídeos, retirei este excerto do site
http://www.cca.ufsc.br/~jff/PROJETOS/CNPQ%20PECTENS.pdf (pág.2, linha 10 e seguintes):

"O cultivo de pectinídeos (pectinicultura) envolve uma série de etapas, as quais, de maneira geral, incluem a fase inicial de produção de sementes em laboratório, uma etapa intermediária de cultivo berçario no mar que compreende distintas fases, e uma etapa final de engorda, que se extende até quando os organismos atingem tamanho comercial (Bourne et al. 1989)."

Podemos assim concluir que os Pectinídeos são moluscos de ambiente marinho.

Unidades Estratigráficas


Unidades objectivas
· Litostratigráficas (Grupo, formação, membro) - baseadas na litologia.
· Biostratigráficos (Biozonas) - baseados no conteúdo fossilífero.
· Cronostratigráficos (Eonotema, eratema, sistema, série, andar) - baseadas nas relações de idade (conjuntos de rochas formadas durante dado intervalo de tempo).

Unidades abstractas, temporais
· Geocronológicas (Eon, era, período, época, idade) - tempo correspondentes ás unidades cronostratigráficas.
· Biocronológicas - tempo correspondente às unidades biostratigráficas.

Outras unidades estratigráficas:
· Unidades litodémicas (conjunto("suite"), litodema, zonas) - baseadas na litologia e constituídas por campos líticos que não respeitam o princípio da sobreposição (rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares muito deformadas).
· Unidades magnetostratigráficas - baseados na polaridade magnética
· Unidades alostratigráficas - conjuntos líticos separados por descontinuidades (sistemas, subdivisão em intertemas, sequências)
· Unidades tectóno-sedimentares - conjuntos líticos depositados com controlo tectónico. (episódios orogénicos, ciclos epidogénicos, variações eustáticas do nível do mar)
· Unidades pedostratigráficas - paleossados ; unidades baseadas nas propriedades eléctricas, sísmicas, minerais pesados, etc. (zonas).

Recordamos que a classificação estratigráfica se prende prioritariamente com a sucessão de rochas terrestres; contudo, em muitos locais, o registo litológico está longe de completo ou de contínuo, é, com frequência, interrompido por inúmeros diastemas, descontinuidades, superfícies de erosão, que são, em si mesmos, parte integrante da estratigrafia representam intervalos perdidos, não registados da história da terra. Na maioria dos casos, estes intervalos têm valor local ou regional podendo ser preenchidos por dados obtidos noutros locais. Representam, de qualquer modos, fenómenos de não deposição, de erosão ou de acções tectónicas com as quais a estratigrafia se preocupa, e procura interpretar de modo a melhor reconstituir a história geológica de cada região, e em geral de toda a terra.


Bibliografia:
Escrito por Nelson Ricardo
Wednesday, 29 March 2006
http://nelson.awardspace.com/index.php?option=com_content&task=view&id=16&Itemid=63


(imgem: A observação de unidades estratigráficas com o mesmo conteúdo fossilífero permite a sua correlação - http://www.esec-odivelas.rcts.pt/BioGeo/ficha_31.jpg)

Princípios Fundamentais da Estratigrafia







1.Principio de Uniformitarismo (actualismo)
O presente é a chave do passado.

Problemática, dificuldades de aplicação numa terra em condução permanente: mudanças na composição da atmosfera e da água dos oceanos; deriva continental e expansão oceânica, variação na velocidade de rotação da Terra e suas implicações na dinâmica da circulação atmosférica e nas zonas climáticas; variação do campo magnético e intervenção de fenómenos cósmicos; evolução nas condições de vida de alguns mecanismos. Em suma, há leis que nunca mudam!


2.Princípio da sobreposição

Em condições normais, toda a camada sobreposta a outra é mais moderna do que ela.
Principais excepções: terraços, filões camadas, depósitos enchendo cavidades cárcicas, deformações metamórficas.
A - O nível 1 é mais antigo, porque é o primeiro a formar-se, seguindo-se por ordem 2 e 3.
B – Dobra deitadaNo flanco invertido, a ordem de antiguidade observável na superfície de erosão (e, e’) não é compatível com o principio da sobreposição.
C – O filão camada situa-se paralelamente às camadas, não intersectando as camadas.O filão camada é o mais moderno do que qualquer das camadas representadas.
D – Primeiro há uma deposição dos calcários os sedimentos depositados em grutas são mais modernos do que as camadas que lhe servem de tecto.

Necessidades de recorrer a critérios de polaridade:
· Organismos em posição devida
· Marcas de raízes
· Icnofósseis
· Granotriagem
· Figuras geopéticas
· Figuras sedimentares
· Análise microtectónica


3.Princípio da relação intrusão
O corpo rochoso intrusivo e a falha são mais modernas que as rochas atravessadas ou fracturadas.
A intrusão é sempre posterior às rochas que atravessa, assim como os filões (ou dique) que cortam as camadas.

4.Princípio da horizontalidade original
Os sedimentos são sempre depositados em camadas horizontais.
O fenómeno geológico que altera a horizontalidade é sempre posterior à sedimentação.


5.Princípio da continuidade lateral
Uma camada tem a mesma idade em todos os seus pontos, o que implica que os limites inferior e superior de uma camada representam superfícies isócronas. Importante por permitir correlacionar observações praticadas em locais diferentes, completa o princípio da sobreposição na medida em que possibilita a extensão lateral das observações na mesma bacia sedimentar. Dificuldades de aplicação, sobretudo em regiões de climas húmidos ou muito urbanizadas. Valido à escala local, às vezes regional.
Como reconhecer a mesma camada em diferentes locais? Muitas vezes foram tomadas por sincrónicos estratos semelhantes do ponto de vista litológico mas, na verdade, com idades diferentes. Caso clássico é o dos “Old Red Sandstones” devónicos e dos “New Red Sandstones” Pérmico; houve convergência de condições de formação com resultados sedimentológicos muito semelhantes. É, portanto necessário recorrer a outros critérios.

6.Principio da identidade paleontológica
Os estratos com o mesmo conteúdo fossilífero são da mesma idade.
Os fosseis estratigráficos ou “bons fósseis” ou fósseis característicos caracterizados por:
· Rápida evolução, ou seja, curta longevidade;
· Vasta repartição geográfica;
· Ocorrência frequente;
· Identificação simples.
Limitações e problemas inerentes à distribuição dos seres vivos. Factores condicionantes: temperatura, profundidade, salinidade, correntes, tipos de fundo, factores geográficos. Distribuições antiequatoriais (distribuição descontinua de organismos marinhos próprios de águas frias de um e de outro lado da zona equatorial por impossibilidade de atravessar águas quentes) e antitropicais (distribuição descontinua devido a causas paleogeográficas – “tubarão serra” presente apenas nos extremos da antiga área de dispersão que abrangia toda a Mesogeia).


Bibliografia:
Escrito por Nelson Ricardo
Wednesday, 29 March 2006
http://nelson.awardspace.com/index.php?option=com_content&task=view&id=17&Itemid=63