quarta-feira, 29 de outubro de 2008

' CICLICIDADE - ciclos e ritmos '

Quando numa secção estratigráfica, ou mais concretamente, numa parte desta, as características litológicas se repetem ordenadamente, diz-se que apresenta uma ciclicidade estratigráfica.


Muitas vezes chama-se, genericamente, ciclicidade à repetição sistemática e ordenada de diferentes termos litológias numa secção estratigráfica.


No entanto, a ciclicidade tende a excluir o seu tipo mais básico, que é aquele em que alterna em apenas dois termos litológicos, na escala dos estratos ou das lâminas. A este tipo de ciclicidade é chamada ritmicidade.


Tanto na ciclicidade como na ritmicidade, os processos que se repetem, podem fazer-se regularmente (por intervalos de tempo constantes) ou aleatoriamente. No primeiro caso, o intervalo de tempo é chamado de período.


* Descrição da figura: representa uma descrição dos conceitos básicos de ciclicidade e ritmicidade.
a) secção estratigrafica cíclica. O módulo que se repete é constituido por três litologias diferentes.

b) exemplos de ritmicidade, em que o módulo que se repete tem dois tipos de litologia.

c) ciclo simétrico.

d) ciclo assimétrico. *


A ciclicidade pode catalogar-se de acordo com a espessura das camadas e com o tempo.


Relativamente à sua espessura:

  • Ciclicidade de 1ºgrau - Tem a ver com lâminas. Alternância entre 2 litologias (ritmos) Ex: Varvas.

  • Ciclicidade de 2ºgrau - Efectua-se ao nível dos estratos. Alternância entre 3 camadas (ciclos).
  • Ciclicidade de 3ºgrau - Efectua-se ao nível dos afloramentos.

  • Ciclicidade de 4ºgrau - Resulta da correlação entre vários afloramentos. Não é observável.

* Descrição da figura: ciclicidades observáveis no campo. *


Relativamente ao tempo:


  • Ciclicidade de 1ª ordem - mais de 50Ma

  • Ciclicidade de 2ª ordem - 50-3Ma

  • Ciclicidade de 3ª ordem - 3-0,5Ma

  • Ciclicidade de 4ª ordem - 500ma-100ma

  • Ciclicidade de 5ª ordem - 100-20ma

  • Ciclicidade de 6ª ordem - correspondem à ciclicidade de 1º grau, pois possuem ligação com a ciclicidade climática

* Descrição da figura: classificação da ciclicidade e ritmicidade segundo uma ordem e escalas, com indicação do intervalo de tempo *



Bibliografia:

  • Apontamentos das aulas teóricas de Estratigrafia e Paleontologia.


  • imagens: VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Biozona, Unidade Bioestratigráfica.


Voltemos um pouco atrás e façamos um breve estudo sobre a unidade bioestratigráfica, biozona!

Chamamos biozona a um corpo rochoso (por exemplo, um conjunto de estratos geológicos) que é definido estratigráfica e geograficamente a partir do seu teor fossilífero.

Podemos encontrar vários tipos de biozonas:


  • de extensão,

  • de associação,

  • de intervalo - conjunto de estratos situados no intervalo entre dois biohorizontes (nível de aparição ou de extinção de um táxon),

  • de abundância,

  • de linhagem,

todos eles definidos com base em fósseis.



De uma forma mais pormenorizada, cada biozona, é caracterizada a partir da particularidade do registo fóssil correspondente (por exemplo, biozonas de amonites, de trilobites, de corais, de gastrópodes, etc.), dos objectivos da investigação e da experiência e perspectiva de pesquisa dos estratígrafos intervenientes na sua caracterização.

Podemos definir uma biozona pelos seguintes métodos:


  • a partir da ocorrência dos fósseis de um táxone específico (biozona de extensão),

  • pelo intervalo entre o aparecimento de um dado táxone e o desaparecimento de outro (biozona de intervalo)

  • ou pela ocorrência de uma determinada associação fossilífera (biozona de associação),
    entre outros.

É com base no táxone (geralmente de categoria género ou espécie), que melhor caracteriza ou define essa mesma biozona, dá-se o nome de cada biozona.



Biozona de Extensão. Os limites inferior, superior e laterais da Biozona de Extensão Aa são caracterizados pela proporção do aparecimento dos fósseis do táxone Aa.

Alguns exemplos:

- Biozona de Extensão Dactylioceras costatum (biozona do Jurássico Inferior que considera a expressão estratigráfica dos fósseis das amonites da espécie Dactylioceras costatum);

- Biozona de Intervalo Globigerinoides sicanus-Orbulina suturalis
(biozona do Neogénico definida pela ocorrência dos fósseis do foraminífero G. sicanus e o desaparecimento dos de O. suturalis),

- Biozona de Associação Prionopeltis archiaci
(biozona de trilobites do Silúrico em que o aparecimento de fósseis de P. archiaci é um elemento fundamental, mas não o único relevante).

Holostratótipo e Parastatótipo

FIGURA 1 - Exemplo dos estratótipos, em coluna, em determinada região do Chile

A. Coluna do estratótipo Holostratótipo (região de La Estrella)
B. Coluna do estratótipo Parastratótipo(região de Navidad).



LEGENDA:
TG - Tamanho de grão:
Ac - argila,
Lm - Limo,
AMF - areia muito fina,
Af - areia fina,
Am - areia média,
Ag - areia ,
Amg - areia muito grossa,
GLF - cascalho fino,
Gl - cascalho,
Gr - cascalho,
Rp - cascalho,
Rpb - escombros de penhascos,
LT – Litologia:
1. conglomerado,
2. coquina,
3. arenito,
4. lutita e limonite,
5. granito,
6. parcela coberta,
7. conglomerado basal da unidade.
CT - Tipo de contacto entre as unidades:
8. discordância,
9. disconformidade,
10. paraconformidade.
ES - Estruturas sedimentares:
11. estrutura sólida/maciça,
12. laminação paralela,
13. ondulação assimétrica,
14. estratificação cruzada planar,
15. estratificação cruzada em artesanato,
16. estratificação cruzada 'hummocky ',
17. rolamento torcido,
18. dobras ('quebras'),
19. camadas deslizante ( "slides"),
20. camadas brechificadas,
21. estruturas de escape de fluido,
22. intraclastos,
23. superfície firme ( 'terra firme'),
24. discrepância de clastos,
25. clastos entrelaçados,
26. clastos líticos flutuante.
F - Fósseis:
27. bivalves,
28. gastrópodes,
29. foraminíferos,
30. ostrácodos,
31. briozoans,
32. balanoideos,
33. braquiópodes,
34. corais solitários,
35. dentes de tubarão,
36. crustáceos,
37. troncos e fragmentos vegetais indeterminados,
38. moldes de folhas.
TF – Icnofácies/vestígios fósseis:
39. Skolithos,
40. Thalassinoides,
41. Ophiomorpha,
42. vestígios,
43. Bioturbação indiferenciada,
44. perfurações ( 'borings').

FIGURA 2 - Fotos de estratótipos da formação de Navidad, no Chile.
a. Estratótipo Holostratótipo, em Punta Perro (Chile) mostrando uma sucessão de arenitos e limonites. A fotografia é de aproximadamente 30 m da base da coluna (ver figura 1). O conglomerado da base não está visível na imagem e está localizado numa zona da praia, a oeste do precipício;
b. Estratótipo Parastratótipo, localizado ao norte de Navidad, Chile. A foto corresponde à totalidade da coluna (ver figura 1).