terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Métodos estratigráficos



Os métodos estratigráficos, têm grande importância nos estudos da evolução da Terra e podem também ser usados para conhecer e descrever material rochoso de determinada região.

Uma vez aplicados ao estudo das rochas, estes métodos estabelecem a correlações entre unidades estratigráficas, grande vantagem a nível estratigráfico.

Os métodos da estratigráfia podem diversificar-se em químicos, físicos e paleontológicos.

Com base em alguma pesquisa efectuada, farei então uma breve exposição sobre alguns deste métodos:

Métodos físicos:

Depósitos de varvas

Varvas são depósitos sedimentares finos, rítmicos. A sua cor varia entre tons mais claros e mais escuros de acordo com o seu teor de matéria orgânica. A sua ciclicidade indica os períodos sazonais, nois quais as zonas mais claras são as temporadas mais quentes e as mais escuros as temporadas mais frias.

Dendrocronologia

Dendrocronologia é o método quue diz respeito ao crescimento de árvores. Anualmente formam-se anéis de crescimento das árvores. A sua espessura poderá variar, sendo maior em em condições favoráveis; e com os anéis menos espessos, em "piores" condições.

Liquenometria

Método utilizado principalmente em estudo de avanços glaciares. A liquenometria avalia o diâmetro de liquens de grande longevidade.

Tefrocronologia

Método que implica a individualização das camadas de tefra, material piroclástico projectado em erupções vulcânicas que forma uma camada utilizadas como guias em estudos estratigráficos.

Radiocronologia


Chamado de "datação absoluta", é feito pelo de estudo de elementos isótopos, no processo de decaimento radiactivo.

Magnetostratigrafia


Faz o estudo das características magnéticas de rochas de diferentes idades. Sabendo-se que há inversões na polaridade do campo magnético terrestre, ciclicamente.

Resistividade


A resistividade eléctrica dos materiais é uma medida correspondente à reacção que estes têm ao fluxo de corrente eléctrica. As rochas possuem uma alta resistividade. Mas, nem todas correspondem da mesma maneira, podendo tornar-se uma característica que pode diferenciar camadas sem estarem afloradas.

Estratigrafia Sísmica

A estratigrafia sísmica consiste na emissão, recepção e registo de ondas que atravessam o material. Este corresponde de maneira diferente conforme a sua estrutura e constituição. Assim, é possível identificar estruturas constituintes do subsolo.

Termoluminiscência

É a propriedade que os minerais têm ao emitir luz quando expostos a baixa temperatura. Através da comparação da intensidade da radiação nuclear com a da termoluminiscência, pode determinar-se a idade do último aquecimento que o mineral sofreu. Este método é útil para a vulcanologia e arqueologia essencialmente.



Métodos químicos:

Teor de flúor nos ossos

Raceminação de aminoácidos

Estes métodos são utilizados através do estudo dos elementos constituintes de organismos, particularmente fósseis, que nos ajudam a estabelecer datações por medições radiométricas.

O conjunto destes métodos dá-nos a possibilidade de estabelecer correlações, fazer correspondência, temporal ou contemporaneidade, entre unidades litológicas mais ou menos afastadas geologicamente.
A auto-correlação trata-se do acompanhamento da continuidade de uma camada ou de uma sequência sedimentar.

Tendo em atenção à possível insuficiência quanto à semelhança de fácies para o estabelecimento de correlação sincronas, as unidades dizem-se sincrónicas quando:

- há continuidade e passagem lateral entre elas;

- as unidades mesmo de fácies diferentes estão enquadradas por outras equivalentes;

- possuem fósseis característicos da mesma idade;

- são da mesma idade segundo determinações radiométricas.



Bibliografia:

VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid

http://geopor.pt/gne/geocabula/faqs/tilito.html

http://www.oceanografia.ufba.br/ftp/Geologia_Marinha/AULA_6%20_Metodos_Datacao.pdf

http://estpal08.blogspot.com/

sábado, 6 de dezembro de 2008

Correlação estratigráfica


A correlação estratigráfica é uma das técnicas de maior interesse em Estratigrafia e consiste na comparação de duas ou mais secções estratigráficas, de um intervalo de tempo semelhante, estabelecendo a equivalência entre os níveis ou superfícies de estratificação reconhecíveis em cada uma delas.

Tipos de correlação:

Litocorrelação
- dá-nos a correspondência pelo carácter litológico e pela posição litoestragráfica de duas rochas. Neste tipo de correlação, comparam-se as unidades litoestratigráficas presentes em cada uma das secções estratigráficas e os níveis específicos de litologias dentro das mesmas.

Biocorrelação
- estabelece a correspondência entre duas rochas com fósseis, com base na presença de determinados fósseis e a sua posição bioestratigráfica. A biocorrelação rege-se pelos biohorizontes da primeira aparição à última presença de fósseis caracteristicos, em diferentes secções estratigráficas.

Cronocorrelação
- correlaciona superfícies isócronas e o reconhecimento da sua posição cronoestratigráfica. Consiste na comparação temporal de duas ou mais secções estratigráficas, para o qual se selecciona os recursos estratigráficos que indiquem simultaneidade e facilitem o estabelecimento da correspondência de todas as unidades estratigráficas representadas.

Métodos de correlação:

Métodos de autocorrelação:
baseiam-se na continuidade das superficies de estratificação, no campo e em perfis sismicos.

Métodos litológicos:
possuem vários vários subtipos que se aplicam directamente no campo ou baseando-se em estudos laboratoriais das componentes das rochas.

Métodos baseados em propriedades físicas:
envolvem a magnetoestratigrafia e as diagrafias.

Métodos radiométricos
:
baseiam-se na comparação das datações radiométricas de materiais de diferentes secções estratigráficas.

Métodos litoestratigráficos:
consistem no reconhecimento das áreas especificas de estratificação, de acordo com um fenómeno comum;

Métodos biocronoestratigráficos:
utilizado apenas na presença de fósseis característicos. Sendo um dos métodos mais fiáveis, a sua utilização coordenada com os outros métodos descritos permite alcançar o máximo de precisão nas correlações.




Bibliografia:

VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Fósseis e Fossilização


Fósseis (do latim fossilis) são os restos materiais de antigos organismos ou as manifestações da sua actividade, que ficaram relativamente bem conservados, como moldes, nas rochas ou em outros fósseis.


Diferentes processos de fossilização:

  • Moldagem - as partes duras dos organismos desaparecem deixando nas rochas as suas impressões.
  • Mineralização - os materiais originais que constituem o ser vivo são substituídos por outros mais estáveis.
  • Conservação - o material original do ser vivo conserva-se parcial ou totalmente nas rochas ou em outros materiais.


A fossilização pode ser dificultado por desarticulação nos esqueletos, fragmentação por transporte ou erosão, abrasão, bioperfuração, dissolução ou achatamento. E pode ser favocerida em determinadas áreas como plataformas carbonatadas, zonas de condensação, pântanos, taludes, etc.

Tipos de fósseis:

Somatofóssil: Fóssil de restos somáticos (isto é, do corpo) de organismos do passado.
Por exemplo, fósseis de dentes, de carapaças, de folhas, de conchas, de troncos, etc.

Icnofóssil: Fóssil de vestígios de actividade biológica de organismos do passado.
Por exemplo, fósseis de pegadas, de marcas de mordidas, de ovos (da casca dos ovos), de excrementos (os coprólitos), de túneis e de galerias de habitação, etc.

Para determinar a idade da maioria das rochas sedimentares, o estudo científico dos fósseis contidos nelas é fundamental. Os fósseis dão-nos importantes evidências que ajudam a determinar o que aconteceu ao longo da história da Terra e quando aconteceu.

Tafonomia

Corresponde ao estudo dos processos de transmissão da informação biológica da Biosfera do passado para a Litosfera do presente (do Gr. taphós, enterramento, sepultura e nómos, lei).

A Tafonomia é a disciplina paleontológica que estuda a formação dos fósseis (a fossilização, isto é, dos processos de inclusão dos restos biológicos no âmbito geológico) e da formação das jazidas fossilíferas.

O termo "Tafonomia" foi inventado pelo paleontólogo soviético (russo) Iván Antónovitch Efrémov em 1940.

Trilobite fóssil denotando-se uma elevada perfeição



Bibliografia:

- VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid
- http://fossil.uc.pt/pags/fossil.dwt
- http://fossil.uc.pt/pags/formac.dwt
- http://domingos.home.sapo.pt/reg_fossil_1.html
- http://webpages.fc.ul.pt/~cmsilva/Paleotemas/Tafonomia/Tafonom.htm

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ciclos Eustáticos

Ciclos Eustáticos


As alterações globais do nível do mar têm como consequência uma alternância de episódios de subida generalizada do mesmo, seguidos de outros espisódios de descida.


Chamamos ciclo eustático ao intervalo de tempo onde ocorreu uma subida e uma descida do nível do mar.


O reconhecimento dos ciclos eustáticos implica o poder de diferenciar os ciclos devido a factores locais e regionais (principalmente de origem tectónica) dos globais.


Causas dos movimentos eustáticos


Os movimentos eustáticos resultam de qualquer factor que faça variar de forma significativa o volume de água presente no oceano, a um nível global - como por exemplo mudanças climáticas sobre áreas extensas -, ou que provoque uma variação significativa do volume das bacias oceânicas, com a consequente modificação do nível da água em relação à terra firme.


Determinação dos níveis do mar


São utilizadas as marcas deixadas pelo nível do mar em depósitos geológicos presentes em arribas costeiras geologicamente estáveis para determinar os movimentos eustáticos passados, dando maior revelaâcia aos resultantes das sucessivas glaciações – processos aplicados pelos geólogos e paleoclimatologistas.


Figura ilustrativa dos factores que controlam os níveis marinhos e continentais responsáveis pelas mudanças do nível relativo do mar durante o Quaternário, segundo MÖRNER (1980):





Variação do nível médio do mar (i.e. ondulação do Geóide) em função do campo gravítico da Terra (imagem da GRACE - Gravity Recovery And Climate Experiment – da NASA):






BiBliografia:

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

'Princípios da Estratigrafia' - miniteste

Hello.

Encontrei este mini-teste


sobre os 'Princípios da Estratigrafia', é interessante e não perdem nada, é só um teste aos conhecimentos... depois podem comentar o que acharam ou como correu!!

:)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Fácies e Lei de Walther

Fácies


O conceito de fácies em Estratigrafia e em Sedimentalogia foi concebido para caracterizar um tipo/grupo de rochas, ou unidades estratigráficas, pelas suas propriedades, características litológicas e paleontológicas; permitindo assim diferenciação entre o material rochoso.


Uma vez que são vários os aspectos monográficos que podem ser vistos na rocha (ou conjunto de rochas), podemos também falar de diversos tipos de fácies.
São usados diferentes termos de acordo com o de tipo de propriedades que que o material apresenta (litofácies, biofácies) e da escala de observação (microfácies). Actualmente, o uso do termo fácies estende-se também para os conjuntos de rochas que se distinguem através das suas propriedades representadas por diagrafías (electrofácies) ou perfis sísmicos (fácies sísmica).
Exemplos de alguns tipos de fácies:


  • Litofácies - conjunto de propiedades litológicas que definem um copo rochoso.

  • Microfácies - conjunto de caraterísticas observáveis ao microscópio, que caracterizam a rocha.

  • Electrofácies - conjunto de respostas obtidas e observáveis através de diagrafías, que caracterizam um sedimento e que permitem diferenciá-lo de outros.

  • Fácies sísmicas - conjunto de propiedades observáveis num perfil sísmico que permite diferenciar volumes rochosos (unidades litosísmicas).


Estas fácies podem ser agrupar (Classificação de Weller-1960):



  • Tipo I - Fácies petrográficas – definem-se com base no seu aspecto ou nas suas características petrográficas.

  • Tipo II - Fácies estratigráficas – definem-se com base na sua litologia.

  • Tipo III - Fácies ambientais - definidas com base no ambiente de génese dos corpos líticos.


Lei de correlação de fácies de Walther


O princípio de que as fácies que ocorrem em sucessões verticais concordantes também se formam em ambientes lateralmente adjacentes é-nos explicado pela Lei de correlação de fácies de Walther, ou seja, ocorrem em ambientes de deposição lateralmente contíguos.
Esta Lei só se pode aplicar a secções contínuas, sem qualquer descontinuidades.

Exemplo: (imagem original em - http://www.unb.br/ig/glossario/verbete/lei_de_Walther.htm)


Referências Bibliográficas:

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

' CICLICIDADE - ciclos e ritmos '

Quando numa secção estratigráfica, ou mais concretamente, numa parte desta, as características litológicas se repetem ordenadamente, diz-se que apresenta uma ciclicidade estratigráfica.


Muitas vezes chama-se, genericamente, ciclicidade à repetição sistemática e ordenada de diferentes termos litológias numa secção estratigráfica.


No entanto, a ciclicidade tende a excluir o seu tipo mais básico, que é aquele em que alterna em apenas dois termos litológicos, na escala dos estratos ou das lâminas. A este tipo de ciclicidade é chamada ritmicidade.


Tanto na ciclicidade como na ritmicidade, os processos que se repetem, podem fazer-se regularmente (por intervalos de tempo constantes) ou aleatoriamente. No primeiro caso, o intervalo de tempo é chamado de período.


* Descrição da figura: representa uma descrição dos conceitos básicos de ciclicidade e ritmicidade.
a) secção estratigrafica cíclica. O módulo que se repete é constituido por três litologias diferentes.

b) exemplos de ritmicidade, em que o módulo que se repete tem dois tipos de litologia.

c) ciclo simétrico.

d) ciclo assimétrico. *


A ciclicidade pode catalogar-se de acordo com a espessura das camadas e com o tempo.


Relativamente à sua espessura:

  • Ciclicidade de 1ºgrau - Tem a ver com lâminas. Alternância entre 2 litologias (ritmos) Ex: Varvas.

  • Ciclicidade de 2ºgrau - Efectua-se ao nível dos estratos. Alternância entre 3 camadas (ciclos).
  • Ciclicidade de 3ºgrau - Efectua-se ao nível dos afloramentos.

  • Ciclicidade de 4ºgrau - Resulta da correlação entre vários afloramentos. Não é observável.

* Descrição da figura: ciclicidades observáveis no campo. *


Relativamente ao tempo:


  • Ciclicidade de 1ª ordem - mais de 50Ma

  • Ciclicidade de 2ª ordem - 50-3Ma

  • Ciclicidade de 3ª ordem - 3-0,5Ma

  • Ciclicidade de 4ª ordem - 500ma-100ma

  • Ciclicidade de 5ª ordem - 100-20ma

  • Ciclicidade de 6ª ordem - correspondem à ciclicidade de 1º grau, pois possuem ligação com a ciclicidade climática

* Descrição da figura: classificação da ciclicidade e ritmicidade segundo uma ordem e escalas, com indicação do intervalo de tempo *



Bibliografia:

  • Apontamentos das aulas teóricas de Estratigrafia e Paleontologia.


  • imagens: VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid.