quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Fósseis e Fossilização


Fósseis (do latim fossilis) são os restos materiais de antigos organismos ou as manifestações da sua actividade, que ficaram relativamente bem conservados, como moldes, nas rochas ou em outros fósseis.


Diferentes processos de fossilização:

  • Moldagem - as partes duras dos organismos desaparecem deixando nas rochas as suas impressões.
  • Mineralização - os materiais originais que constituem o ser vivo são substituídos por outros mais estáveis.
  • Conservação - o material original do ser vivo conserva-se parcial ou totalmente nas rochas ou em outros materiais.


A fossilização pode ser dificultado por desarticulação nos esqueletos, fragmentação por transporte ou erosão, abrasão, bioperfuração, dissolução ou achatamento. E pode ser favocerida em determinadas áreas como plataformas carbonatadas, zonas de condensação, pântanos, taludes, etc.

Tipos de fósseis:

Somatofóssil: Fóssil de restos somáticos (isto é, do corpo) de organismos do passado.
Por exemplo, fósseis de dentes, de carapaças, de folhas, de conchas, de troncos, etc.

Icnofóssil: Fóssil de vestígios de actividade biológica de organismos do passado.
Por exemplo, fósseis de pegadas, de marcas de mordidas, de ovos (da casca dos ovos), de excrementos (os coprólitos), de túneis e de galerias de habitação, etc.

Para determinar a idade da maioria das rochas sedimentares, o estudo científico dos fósseis contidos nelas é fundamental. Os fósseis dão-nos importantes evidências que ajudam a determinar o que aconteceu ao longo da história da Terra e quando aconteceu.

Tafonomia

Corresponde ao estudo dos processos de transmissão da informação biológica da Biosfera do passado para a Litosfera do presente (do Gr. taphós, enterramento, sepultura e nómos, lei).

A Tafonomia é a disciplina paleontológica que estuda a formação dos fósseis (a fossilização, isto é, dos processos de inclusão dos restos biológicos no âmbito geológico) e da formação das jazidas fossilíferas.

O termo "Tafonomia" foi inventado pelo paleontólogo soviético (russo) Iván Antónovitch Efrémov em 1940.

Trilobite fóssil denotando-se uma elevada perfeição



Bibliografia:

- VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid
- http://fossil.uc.pt/pags/fossil.dwt
- http://fossil.uc.pt/pags/formac.dwt
- http://domingos.home.sapo.pt/reg_fossil_1.html
- http://webpages.fc.ul.pt/~cmsilva/Paleotemas/Tafonomia/Tafonom.htm

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ciclos Eustáticos

Ciclos Eustáticos


As alterações globais do nível do mar têm como consequência uma alternância de episódios de subida generalizada do mesmo, seguidos de outros espisódios de descida.


Chamamos ciclo eustático ao intervalo de tempo onde ocorreu uma subida e uma descida do nível do mar.


O reconhecimento dos ciclos eustáticos implica o poder de diferenciar os ciclos devido a factores locais e regionais (principalmente de origem tectónica) dos globais.


Causas dos movimentos eustáticos


Os movimentos eustáticos resultam de qualquer factor que faça variar de forma significativa o volume de água presente no oceano, a um nível global - como por exemplo mudanças climáticas sobre áreas extensas -, ou que provoque uma variação significativa do volume das bacias oceânicas, com a consequente modificação do nível da água em relação à terra firme.


Determinação dos níveis do mar


São utilizadas as marcas deixadas pelo nível do mar em depósitos geológicos presentes em arribas costeiras geologicamente estáveis para determinar os movimentos eustáticos passados, dando maior revelaâcia aos resultantes das sucessivas glaciações – processos aplicados pelos geólogos e paleoclimatologistas.


Figura ilustrativa dos factores que controlam os níveis marinhos e continentais responsáveis pelas mudanças do nível relativo do mar durante o Quaternário, segundo MÖRNER (1980):





Variação do nível médio do mar (i.e. ondulação do Geóide) em função do campo gravítico da Terra (imagem da GRACE - Gravity Recovery And Climate Experiment – da NASA):






BiBliografia:

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

'Princípios da Estratigrafia' - miniteste

Hello.

Encontrei este mini-teste


sobre os 'Princípios da Estratigrafia', é interessante e não perdem nada, é só um teste aos conhecimentos... depois podem comentar o que acharam ou como correu!!

:)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Fácies e Lei de Walther

Fácies


O conceito de fácies em Estratigrafia e em Sedimentalogia foi concebido para caracterizar um tipo/grupo de rochas, ou unidades estratigráficas, pelas suas propriedades, características litológicas e paleontológicas; permitindo assim diferenciação entre o material rochoso.


Uma vez que são vários os aspectos monográficos que podem ser vistos na rocha (ou conjunto de rochas), podemos também falar de diversos tipos de fácies.
São usados diferentes termos de acordo com o de tipo de propriedades que que o material apresenta (litofácies, biofácies) e da escala de observação (microfácies). Actualmente, o uso do termo fácies estende-se também para os conjuntos de rochas que se distinguem através das suas propriedades representadas por diagrafías (electrofácies) ou perfis sísmicos (fácies sísmica).
Exemplos de alguns tipos de fácies:


  • Litofácies - conjunto de propiedades litológicas que definem um copo rochoso.

  • Microfácies - conjunto de caraterísticas observáveis ao microscópio, que caracterizam a rocha.

  • Electrofácies - conjunto de respostas obtidas e observáveis através de diagrafías, que caracterizam um sedimento e que permitem diferenciá-lo de outros.

  • Fácies sísmicas - conjunto de propiedades observáveis num perfil sísmico que permite diferenciar volumes rochosos (unidades litosísmicas).


Estas fácies podem ser agrupar (Classificação de Weller-1960):



  • Tipo I - Fácies petrográficas – definem-se com base no seu aspecto ou nas suas características petrográficas.

  • Tipo II - Fácies estratigráficas – definem-se com base na sua litologia.

  • Tipo III - Fácies ambientais - definidas com base no ambiente de génese dos corpos líticos.


Lei de correlação de fácies de Walther


O princípio de que as fácies que ocorrem em sucessões verticais concordantes também se formam em ambientes lateralmente adjacentes é-nos explicado pela Lei de correlação de fácies de Walther, ou seja, ocorrem em ambientes de deposição lateralmente contíguos.
Esta Lei só se pode aplicar a secções contínuas, sem qualquer descontinuidades.

Exemplo: (imagem original em - http://www.unb.br/ig/glossario/verbete/lei_de_Walther.htm)


Referências Bibliográficas:

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

' CICLICIDADE - ciclos e ritmos '

Quando numa secção estratigráfica, ou mais concretamente, numa parte desta, as características litológicas se repetem ordenadamente, diz-se que apresenta uma ciclicidade estratigráfica.


Muitas vezes chama-se, genericamente, ciclicidade à repetição sistemática e ordenada de diferentes termos litológias numa secção estratigráfica.


No entanto, a ciclicidade tende a excluir o seu tipo mais básico, que é aquele em que alterna em apenas dois termos litológicos, na escala dos estratos ou das lâminas. A este tipo de ciclicidade é chamada ritmicidade.


Tanto na ciclicidade como na ritmicidade, os processos que se repetem, podem fazer-se regularmente (por intervalos de tempo constantes) ou aleatoriamente. No primeiro caso, o intervalo de tempo é chamado de período.


* Descrição da figura: representa uma descrição dos conceitos básicos de ciclicidade e ritmicidade.
a) secção estratigrafica cíclica. O módulo que se repete é constituido por três litologias diferentes.

b) exemplos de ritmicidade, em que o módulo que se repete tem dois tipos de litologia.

c) ciclo simétrico.

d) ciclo assimétrico. *


A ciclicidade pode catalogar-se de acordo com a espessura das camadas e com o tempo.


Relativamente à sua espessura:

  • Ciclicidade de 1ºgrau - Tem a ver com lâminas. Alternância entre 2 litologias (ritmos) Ex: Varvas.

  • Ciclicidade de 2ºgrau - Efectua-se ao nível dos estratos. Alternância entre 3 camadas (ciclos).
  • Ciclicidade de 3ºgrau - Efectua-se ao nível dos afloramentos.

  • Ciclicidade de 4ºgrau - Resulta da correlação entre vários afloramentos. Não é observável.

* Descrição da figura: ciclicidades observáveis no campo. *


Relativamente ao tempo:


  • Ciclicidade de 1ª ordem - mais de 50Ma

  • Ciclicidade de 2ª ordem - 50-3Ma

  • Ciclicidade de 3ª ordem - 3-0,5Ma

  • Ciclicidade de 4ª ordem - 500ma-100ma

  • Ciclicidade de 5ª ordem - 100-20ma

  • Ciclicidade de 6ª ordem - correspondem à ciclicidade de 1º grau, pois possuem ligação com a ciclicidade climática

* Descrição da figura: classificação da ciclicidade e ritmicidade segundo uma ordem e escalas, com indicação do intervalo de tempo *



Bibliografia:

  • Apontamentos das aulas teóricas de Estratigrafia e Paleontologia.


  • imagens: VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios e métodos. Ed. Rueda, Madrid.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Biozona, Unidade Bioestratigráfica.


Voltemos um pouco atrás e façamos um breve estudo sobre a unidade bioestratigráfica, biozona!

Chamamos biozona a um corpo rochoso (por exemplo, um conjunto de estratos geológicos) que é definido estratigráfica e geograficamente a partir do seu teor fossilífero.

Podemos encontrar vários tipos de biozonas:


  • de extensão,

  • de associação,

  • de intervalo - conjunto de estratos situados no intervalo entre dois biohorizontes (nível de aparição ou de extinção de um táxon),

  • de abundância,

  • de linhagem,

todos eles definidos com base em fósseis.



De uma forma mais pormenorizada, cada biozona, é caracterizada a partir da particularidade do registo fóssil correspondente (por exemplo, biozonas de amonites, de trilobites, de corais, de gastrópodes, etc.), dos objectivos da investigação e da experiência e perspectiva de pesquisa dos estratígrafos intervenientes na sua caracterização.

Podemos definir uma biozona pelos seguintes métodos:


  • a partir da ocorrência dos fósseis de um táxone específico (biozona de extensão),

  • pelo intervalo entre o aparecimento de um dado táxone e o desaparecimento de outro (biozona de intervalo)

  • ou pela ocorrência de uma determinada associação fossilífera (biozona de associação),
    entre outros.

É com base no táxone (geralmente de categoria género ou espécie), que melhor caracteriza ou define essa mesma biozona, dá-se o nome de cada biozona.



Biozona de Extensão. Os limites inferior, superior e laterais da Biozona de Extensão Aa são caracterizados pela proporção do aparecimento dos fósseis do táxone Aa.

Alguns exemplos:

- Biozona de Extensão Dactylioceras costatum (biozona do Jurássico Inferior que considera a expressão estratigráfica dos fósseis das amonites da espécie Dactylioceras costatum);

- Biozona de Intervalo Globigerinoides sicanus-Orbulina suturalis
(biozona do Neogénico definida pela ocorrência dos fósseis do foraminífero G. sicanus e o desaparecimento dos de O. suturalis),

- Biozona de Associação Prionopeltis archiaci
(biozona de trilobites do Silúrico em que o aparecimento de fósseis de P. archiaci é um elemento fundamental, mas não o único relevante).

Holostratótipo e Parastatótipo

FIGURA 1 - Exemplo dos estratótipos, em coluna, em determinada região do Chile

A. Coluna do estratótipo Holostratótipo (região de La Estrella)
B. Coluna do estratótipo Parastratótipo(região de Navidad).



LEGENDA:
TG - Tamanho de grão:
Ac - argila,
Lm - Limo,
AMF - areia muito fina,
Af - areia fina,
Am - areia média,
Ag - areia ,
Amg - areia muito grossa,
GLF - cascalho fino,
Gl - cascalho,
Gr - cascalho,
Rp - cascalho,
Rpb - escombros de penhascos,
LT – Litologia:
1. conglomerado,
2. coquina,
3. arenito,
4. lutita e limonite,
5. granito,
6. parcela coberta,
7. conglomerado basal da unidade.
CT - Tipo de contacto entre as unidades:
8. discordância,
9. disconformidade,
10. paraconformidade.
ES - Estruturas sedimentares:
11. estrutura sólida/maciça,
12. laminação paralela,
13. ondulação assimétrica,
14. estratificação cruzada planar,
15. estratificação cruzada em artesanato,
16. estratificação cruzada 'hummocky ',
17. rolamento torcido,
18. dobras ('quebras'),
19. camadas deslizante ( "slides"),
20. camadas brechificadas,
21. estruturas de escape de fluido,
22. intraclastos,
23. superfície firme ( 'terra firme'),
24. discrepância de clastos,
25. clastos entrelaçados,
26. clastos líticos flutuante.
F - Fósseis:
27. bivalves,
28. gastrópodes,
29. foraminíferos,
30. ostrácodos,
31. briozoans,
32. balanoideos,
33. braquiópodes,
34. corais solitários,
35. dentes de tubarão,
36. crustáceos,
37. troncos e fragmentos vegetais indeterminados,
38. moldes de folhas.
TF – Icnofácies/vestígios fósseis:
39. Skolithos,
40. Thalassinoides,
41. Ophiomorpha,
42. vestígios,
43. Bioturbação indiferenciada,
44. perfurações ( 'borings').

FIGURA 2 - Fotos de estratótipos da formação de Navidad, no Chile.
a. Estratótipo Holostratótipo, em Punta Perro (Chile) mostrando uma sucessão de arenitos e limonites. A fotografia é de aproximadamente 30 m da base da coluna (ver figura 1). O conglomerado da base não está visível na imagem e está localizado numa zona da praia, a oeste do precipício;
b. Estratótipo Parastratótipo, localizado ao norte de Navidad, Chile. A foto corresponde à totalidade da coluna (ver figura 1).